O crime gera cerca de US$ 2,1 trilhões em receitas globais anuais, ou
3,6% do Produto Interno Bruto do mundo, e o problema pode estar
crescendo, disse um alto funcionário da Organização das Nações Unidas
nesta segunda-feira.
"Isso torna o negócio criminoso uma das maiores economias do mundo, uma
das 20 maiores economias", disse Yury Fedotov, diretor do Escritório
das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), descrevendo-o como uma
ameaça à segurança e ao desenvolvimento econômico.
O valor foi calculado recentemente pela primeira vez pelo Banco Mundial
e pelo UNODC, com base em dados de 2009, e não há comparações
disponíveis, explicou Fedotov em entrevista coletiva.
Falando no dia da abertura de uma reunião de uma semana da Comissão
Internacional sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, ele sugeriu
que a situação pode estar piorando, "mas para corroborar esse sentimento
eu preciso de mais dados".
Ele disse que até US$ 40 bilhões por ano são perdidos devido à
corrupção nos países em desenvolvimento e a renda ilícita com o tráfico
de pessoas chega a US$ 32 bilhões por ano.
"Segundo algumas estimativas, a qualquer momento, 2,4 milhões de
pessoas sofrem a miséria do tráfico de pessoas, um crime vergonhoso de
escravidão moderna", disse Fedotov separadamente em um discurso.
Ele também citou uma série de outros crimes que rendem muito dinheiro.
O crime organizado, o tráfico ilícito, a violência e a corrupção são
"grandes obstáculos" para as Metas de Desenvolvimento do Milênio, um
grupo de metas estabelecidas pela comunidade internacional em 2000 para
tentar melhorar a saúde e reduzir a pobreza entre as pessoas mais pobres
do mundo até 2015, afirmou Fedotov.
Os grupos criminosos têm demonstrado "impressionante capacidade de
adaptação" às ações policiais e a novas oportunidades de lucro, disse um
oficial sênior dos Estados Unidos na reunião em Viena.
"Hoje, a maioria das organizações criminosas não tem qualquer
semelhança com os grupos familiares hierárquicos de crime organizado do
passado", afirmou o secretário-adjunto, Brian Nichols, de acordo com uma
cópia de seu discurso.
"Em vez disso, eles consistem de redes soltas e informais, que muitas
vezes convergem quando é conveniente e se envolvem em um diversificado
leque de atividades criminosas", explicou Nichols, do Departamento de
Narcóticos Internacionais e Reforço da Lei dos EUA.
Ele disse que os grupos terroristas, em alguns casos, estavam se
voltando para o crime para ajudar a financiar as suas operações: "Há
inclusive casos em que os terroristas estão evoluindo para empresários
criminosos em seu próprio direito."